Operação mira grupo que causou prejuízo ambiental de cerca de R$ 5 milhões no Caju

Publicado em 09/04/2025 19:45

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Rio - A Polícia Civil e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realizaram, nesta quarta-feira (9), uma operação para reprimir crimes ambientais no Caju, na Zona Portuária. De acordo com as investigações, criminosos se associaram a diversas empresas de resíduos e passaram a cobrar taxas para permitir o descarte irregular. O prejuízo ambiental é estimado em cerca de R$ 5 milhões. Um homem foi preso e um fuzil apreendido. fotogaleria "Seguimos realizando operações policiais para combater o crime organizado diariamente, também com foco na asfixia financeira. Já bloqueamos diversos bens e recursos das facções e das milícias no estado", disse o governador Cláudio Castro. O objetivo da Operação Expurgo era cumprir 14 mandados de busca e apreensão contra narcotraficantes e companhias que exploram e utilizam uma área da comunidade Parque Alegria para descartar os resíduos. Segundo a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), o aterramento ilegal vem criando grandes lixões, que contaminam o lençol freático e suprimem a vegetação de mangue.Ainda de acordo com a especializada, parte desses resíduos também vem sendo usado para aterrar uma área desocupada, que permite triplicar a comunidade Parque Alegria. Vídeos feitos por policiais mostram caminhões e retroescavadeiras trabalhando no local. Polícia identifica aterramento ilegal no Caju; região é alvo de operação nesta quarta-feira (9)Crédito: Divulgaçãopic.twitter.com/jw4mw1OcMU— Jornal O Dia (@jornalodia)April 9, 2025 Durante a investigação, os agentes identificaram que a atividade de recebimento de resíduos ilegais tornou-se uma nova forma de exploração econômica da facção, sendo também lucrativo às empresas, que pagam aos criminosos valores abaixo dos cobrados pelos Centros de Tratamento de Resíduos credenciados pela Prefeitura do Rio.Segundo a Polícia Civil, 10 empresas que praticam o crime, de forma reiterada, já foram identificadas. Além disso, a Ciclos Ambiental, companhia que possui contrato com a prefeitura, também é alvo da operação, pois os policiais apuraram que funcionários vêm desviando maquinários e equipamentos para auxiliar o esvaziamento dos lixões clandestinos explorados economicamente pelo tráfico de drogas e assim manter a permanência da atividade.Diante do dano ambiental estimado para a reposição da vegetação degradada na Zona Portuária, a DPMA representou pelo sequestro de 17 caminhões destas empresas. A Justiça do Rio irá se manifestar quanto ao pedido após a operação. Agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) também atuam na região. Procurada, a Ciclus informou que não foi notificada oficialmente sobre as investigações e reitera que pauta suas ações na ética e no rigoroso cumprimento das leis. A empresa destacou que tem total interesse na elucidação dos fatos e se mantém à disposição para contribuir com quaisquer esclarecimentos necessários. Sobre o caso, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) ressaltou que a Ciclos tem contrato com o município para transportar parte do lixo da cidade, confinado na área da estação de transbordo do Caju, ao Centro de Tratamento de Resíduos (CTR-Rio) em Seropédica, na Baixada Fluminense. A companhia destacou que, caso seja identificado algum equipamento da empresa, como caminhão ou pá mecânica, atuando fora da estação de transbordo ou sua conduta irregular seja comprovada judicialmente, terá punições previstas em contrato.Sobre as demais empresas apontadas pelos órgãos de fiscalização como as responsáveis pelo descarte irregular, sem vínculo contratual, a Comlurb informou que já descredenciou companhias que possuíam autorização para promover legalmente o descarte de entulhos no município. "Todas as envolvidas no crime ambiental que não eram regularizadas serão autuadas", diz a nota. MultaO Inea, desde outubro de 2024, realiza um mapeamento dos crimes ambientais cometidos às margens da Baía de Guanabara, especialmente o descarte ilegal de resíduos. Na ação desta quarta, técnicos do instituto foram às ruas para dimensionar a quantidade de detritos empilhados no lixão do Caju e a extensão da poluição provocada ao meio ambiente, que são importantes para aferir o valor das multas que serão aplicadas às empresas poluidoras. Pela legislação em vigor, a penalização pode chegar a R$ 5 milhões pelos crimes ambientais. "Nos últimos meses temos intensificado as operações para acabar com os lixões irregulares no Rio de Janeiro, há todo um trabalho de inteligência e diversos investimentos em tecnologias que os órgãos ambientais estaduais estão aplicando e colhendo bons resultados", destacou o secretário do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi. Resgate no NatalNa mesma região da operação desta quarta,um homem, que seria executado pelo "tribunal do tráfico", foi resgatado no Natal do ano passado.Ele tinha sido capturado por cinco traficantes, que o torturaram. Policiais civis fizeram uma operação policial de emergência para resgatá-lo. Na ação, um criminoso morreu em confronto com os agentes. Com ele, foram apreendidos um fuzil, munições, um cinto tático e rádio comunicador.

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