Ex-prefeito de Nova Friburgo é condenado por desvio de verbas da tragédia de 2011

Rio - A Justiça Federal condenou o ex-prefeito de Nova Friburgo, Dermeval Barboza Moreira Neto, por desvio de verbas públicas destinadas ao socorro das vítimas da tragédia ambiental que atingiu a Região Serrana. A sentença é resultado de uma ação penal movida pelo Ministério Público Federal (MPF). Além de Dermeval, também foram condenados o ex-secretário municipal José Ricardo Carvalho de Lima e um empresário envolvido no esquema. Segundo o MPF, os três desviaram recursos federais que deveriam ser empregados no amparo às vítimas e na reconstrução da cidade. As investigações revelaram contratações irregulares, execução duvidosa de serviços e manipulação de documentos com o objetivo de justificar os desvios. Dermeval e o ex-secretário foram condenados a 9 anos, 10 meses e 10 dias de reclusão. Cada um dos réus também deverá ressarcir os cofres públicos em cerca de R$ 171 mil. Apesar da condenação, eles poderão recorrer em liberdade. A reportagem deO DIAnão conseguiu localizar a defesa dos citados. O espaço segue aberto para eventuais manifestações. Como o esquema funcionava Segundo o MPF, os condenados se aproveitaram do estado de calamidade pública para promover contratações diretas, sem licitação. Empresas previamente escolhidas foram beneficiadas em detrimento de concorrentes que poderiam oferecer melhores condições.Para simular legalidade, os envolvidos apresentaram orçamentos forjados ou obtidos de empresas inaptas. Documentos foram falsificados ou alterados retroativamente. Além disso, houve tentativa de dificultar a fiscalização do Ministério Público, com respostas omissas ou atrasadas às requisições do órgão.Os recursos desviados — que deveriam ter sido investidos na recuperação da infraestrutura da cidade e no amparo às famílias atingidas — acabaram beneficiando empresários aliados, com o aval de agentes públicos. Maior desastre natural do Brasil A tragédia que atingiu Nova Friburgo em janeiro de 2011 foi um dos desastres naturais mais devastadores da história do Brasil, resultando em aproximadamente 900 mortes em toda a Região Serrana e deixando milhares de desabrigados. O evento foi comparado a grandes catástrofes mundiais devido ao grande impacto destrutivo. Além de interromper serviços essenciais como luz, água e comunicações, o desastre comprometeu hospitais e prédios públicos, dificultando ainda mais a resposta emergencial.