Entenda a Aliança Estratégica entre Milícias e TCP: Guerra por Procuração Contra o CV na Zona Oeste do Rio: A disputa pelo controle de territórios no Rio de Janeiro tem levado a alianças improváveis entre facções criminosas rivais. Um dos exemplos mais recentes é a união entre milicianos e o Terceiro Comando Puro (TCP) — historicamente inimigos — para conter o avanço do Comando Vermelho (CV) da Penha em direção à Zona Oeste. Essa coalizão forjada pelo pragmatismo do crime reflete uma estratégia de sobrevivência, já que a consolidação do CV na região representaria uma ameaça direta ao domínio do TCP, principalmente na Vila Aliança, seu principal reduto. O Comando Vermelho, fortalecido na Zona Norte (Penha, Complexo do Alemão, Vila Cruzeiro), tem buscado expandir sua influência para a Zona Oeste, região historicamente controlada por milícias e, em algumas áreas, pelo TCP. Se o CV conseguisse estabelecer bases em locais como Campo Grande, Santa Cruz e Bangu, não apenas ampliaria seu poderio logístico (rotas de drogas e armas), mas também enfraqueceria seus adversários, pressionando-os em suas próprias fortalezas. Para o TCP, sediado na Vila Aliança (Bangu), a chegada do CV significaria invasões constantes, perda de territórios e enfraquecimento financeiro. Já as milícias, que dominam grande parte da Zona Oeste, enxergam no CV um rival mais organizado e violento do que o TCP, capaz de desafiar seu modelo de negócios baseado em extorsão, gatonet e controle de serviços ilegais. A União entre Milícias e TCP: Uma Guerra por Procuração Apesar da histórica rivalidade entre milícias e facções, o interesse comum de barrar o CV levou a uma cooperação tática. Relatos indicam que milicianos têm armado e apoiado militantes do TCP em confrontos contra o CV, enquanto o TCP assume a linha de frente nos ataques. Essa dinâmica caracteriza uma guerra por procuração (proxy war), onde as milícias evitam o desgaste direto, usando o TCP como força de resistência, tendo em vista que criminosos paramilitares estão sufocados com os constantes ataques feitos pelos criminosos do Comando Vermelho. Além disso, há indícios de que acordos territoriais tenham sido feitos: em troca de apoio logístico (armas, informações, corredores seguros), o TCP mantém o combate ao CV longe de áreas milicianas. Para as milícias, é mais vantajoso lidar com um TCP enfraquecido do que com um CV expansionista. Essa aliança momentânea revela o pragmatismo do crime organizado: inimigos se unem quando um rival maior ameaça a todos. No entanto, essa coalizão é frágil — uma vez contido o CV, milícias e TCP podem retomar a guerra entre si. Enquanto isso, a população da Zona Oeste sofre com o aumento da violência, já que essa disputa gera execuções, toques de recolher e controle social ainda mais violento. A expansão do CV na Zona Oeste, se bem-sucedida, pode reconfigurar o mapa do crime no Rio, mas, por enquanto, a união entre milícias e TCP demonstra que, no mundo do tráfico, o inimigo do meu inimigo é meu aliado — pelo menos até a próxima traição.