Guerra Social pelo ego e vaidade

Publicado em 17/05/2025 11:25

A dinâmica das favelas do Rio de Janeiro reflete uma profunda desigualdade social, marcada pela disputa de espaços entre grupos criminais e forças de segurança estatais. Esse conflito assume características de guerra irregular, na qual atores não‑estatais exercem controle territorial paralelo, impondo “leis” próprias e oferecendo (ou negando) serviços à população. Nesse cenário, o uso consciente do mapa das favelas aparece como uma ferramenta libertadora, capaz de transcender a lógica do “manda quem pode” e fortalecer a coletividade, reduzindo o ego individual em prol de uma estratégia conjunta pela justiça territorial. Desde o fim do ciclo escravocrata, a expansão das favelas no Rio expressa a falta de acesso à terra e aos serviços básicos para populações negras e pobres. A ocupação informal, acompanhada de exclusão racial e socioeconômica, criou bolsões de invisibilidade urbana, onde a “inegalidade de segurança” é flagrante: bairros formais recebem proteção estatal, enquanto favelas ficam à mercê de múltiplos provedores de “segurança”... O conceito de pluralismo violento descreve a coexistência de diferentes provedores de segurança (Estado, milícias, facções como Comando Vermelho), cada um com soberania de fato em partes do território do município. Essa guerra irregular se define por táticas de guerrilha urbana, barricadas com ônibus e emboscadas, como as registradas em Rio das Pedras. O Estado paralelo manda na favela, balas te visitam na janela e regam de sangue as vielas. Do “Dono do Mapa” à Coletividade O surgimento de mapas territoriais em favelas, inicialmente monopolizados por “donos” ligados ao tráfico, evoluiu para iniciativas comunitárias colaborativas. Plataformas como o Pista News abriram espaço para mapeamentos participativos, permitindo que moradores identifiquem recursos locais, rotas seguras e pontos críticos, reduzindo o medo e aumentando a mobilização social. No Complexo do Alemão, por exemplo, moradores sinalizaram às forças de segurança locais em 2010, usando conhecimento territorial para facilitar operações menos letais. Esse modelo de engajamento comunitário comprova que o mapa libertador não é mero objeto de posse, mas instrumento estratégico de resistência civil. A valorização excessiva do “dono do mapa” e do “melhor traficante” alimenta disputas internas e corrói a solidariedade. Ao valorizar o trabalho em rede — no estilo “sem holofotes, mas com união” —, é possível construir defesas comunitárias e projetos urbanos autogeridos. Menos ego e vaidade! foda-se os holofotes. União, sejamos fortes! Ao reduzir o ego e priorizar a coletividade, a sociedade ganha uma ferramenta poderosa: um mapa libertador que viabiliza o acesso à informação, potencializa a resiliência comunitária e redefine o poder em favor da justiça social e da democracia. Se dizer dono de uma ferramenta sem ter "colado" um único tijolo na construção demonstra como a sociedade está perdida no ego e vaidade, o que, de certa maneira, favorece ações psicológicas de aliciamento de uma parte deste povo que é "domado" pelo ego e vaidade. Pior do que se dizer dono sem ter construído é cobrar acesso a uma coisa que não possui propriedade e tampouco ajudou com porra nenhuma. As ruas, no entanto, sabem as histórias e o preço que muitos pagaram, inclusive com sangue. As narrativas distribuídas por pessoas que apropriam-se da ferramenta demonstram não só o ego e vaidade, mas revela a falta de ética e moral desta sociedade. Pior do que tudo isso descrito, é o papel da mídia mainstream em não realizar um papel adequado, em vez de ser mais uma fonte de desinformação. Embora o ego e vaidade alimentem o psicológico, a luta pelos direitos coletivos vai além da apropriação cultural e tecnológica. O foco é refletir, mas a reflexão só é encontrada, de fato, na prática. Só "pensar" e não agir não agrega em porra nenhuma. Pior do que não agir é não "pensar" e achar é bonito "roubar e não conseguir carregar". Ter a posse (através de furto) da ferramenta pode alimentar o ego e vaidade, mas não resolve a porra do problema, na verdade, só alimenta ainda mais o problema. A matrix é real, o sistema tem usado sua mente, de uma forma ou de outra você tá sendo conivente, não só com impostos ou votos...

Voltar para Artigos