Ao longo das décadas, as facções criminosas desenvolveram estratégias sofisticadas de controle territorial, influência social e dominação psicológica, utilizando-se de dois pilares fundamentais: a propaganda e o terror. Essas táticas, embora distintas, complementam-se para garantir o poder desses grupos, intimidar adversários, coagir o Estado e manipular comunidades. O Rio de Janeiro se tornou palco de um dos conflitos urbanos mais intensos do mundo, onde facções criminosas utilizam estratégias sofisticadas de propaganda e terror para consolidar poder, intimidar rivais e manipular a opinião pública. O uso desses elementos não é um fenômeno isolado, mas sim parte de um modus operandi comum a grupos insurgentes e paramilitares em diferentes partes do globo. Este artigo explora como facções como o Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e milícias empregam a propaganda e o terror como ferramentas de guerra psicológica, gestão de imagem e imposição de poder. A propaganda é essencial para as facções criminosas, pois permite que elas construam uma narrativa de poder, legitimidade e controle. Diferentemente do terror, que busca o medo imediato, a propaganda visa o domínio ideológico e a influência a longo prazo. Nos últimos anos, facções criminosas têm se apropriado de redes sociais como Facebook, Instagram, TikTok e WhatsApp para disseminar mensagens e reafirmar seu poder. Através de Redes Sociais, criminosos costumam: demonstrar "Força": Postagens com armamentos pesados, execuções e celebrações após conquistas territoriais. Atraia Novos Recrutas: Jovens em situação de vulnerabilidade são seduzidos pelo glamour do crime, exibido de forma romantizada. Bem como também é possível que atraia Novos Recrutas: Jovens em situação de vulnerabilidade são seduzidos pelo glamour do crime, exibido de forma romantizada. A representação das facções na mídia e na cultura popular também contribui para a propagação de sua ideologia. Músicas de funk, por exemplo, são usadas para enaltecer figuras do crime e difundir mensagens que legitimam a violência e o domínio territorial. Produções audiovisuais independentes, como "vlogs do crime", também servem como meio de exibição de poder. Além das redes sociais, a propaganda também acontece dentro das próprias comunidades. Muitas facções promovem festas, distribuem cestas básicas e financiam projetos sociais, criando uma relação de dependência e lealdade entre os moradores e o crime organizado. Algumas facções, principalmente o Comando Vermelho em suas origens, buscaram se apresentar como "protetoras das favelas", distribuindo cestas básicas, financiando bailes e ajudando moradores. Essa estratégia visa: 1- Ganhar apoio popular, dificultando a ação policial. 2- Criar uma legitimidade paralela, onde o Estado é visto como ausente ou opressor. Enquanto a propaganda busca influenciar, o terror visa paralisar, submeter e eliminar resistências. As facções usam a violência extrema não apenas para punir, mas para enviar mensagens claras a rivais, moradores e autoridades. 1- Corpos Queimados e Esquartejados: Facções exibem corpos mutilados em locais públicos para demonstrar poder e desencorajar delações. 2 - Vídeos de Execuções: A gravação e divulgação de assassinatos (como o caso do jornalista Tim Lopes) servem para aterrorizar testemunhas e desafiar o Estado. 3 - "Justiçamentos": Pessoas acusadas de estupro, roubo ou traição são mortas de forma brutal, reforçando a ideia de que o crime organizado "pune" mais que o Estado. Além do uso do terror como meio de controle social, a "MÍDIA", por vezes, financiadas pelas narco-guerrilhas fazem propaganda do terror que estas facções impõe. Seja por meio da divulgação e romantização de criminosos, bem como também ao divulgar imagens de criminosos mortos, esquartejados e/ou queimados.... 1 - Queima de Ônibus e Batalhas com a Polícia: Quando um líder é preso ou morto, facções ordenam ataques generalizados para mostrar força e desestabilizar a segurança pública. 2 - Toques de Recolher Impostos: Em situações de crise, grupos criminosos decretam toques de recolher, fechando comércios e paralisando comunidades, demonstrando quem realmente manda. 3 -Ameaças a Juízes, Policiais e Jornalistas: O terror não se limita às favelas. Profissionais que combatem o crime são alvos de intimidação, como o assassinato da vereadora Marielle Franco. 4 - Também usam o controle de Presídios: Rebeliões em massa e massacres em cadeias (como o de Altamira em 2019) são usados para negociar com o Estado e mostrar força. 5 - Para manter a população sob controle, as facções também manipulam a narrativa sobre os acontecimentos. Muitas vezes, proíbem a cobertura da imprensa ou impõem "fake news" para justificar suas ações e demonizar seus rivais. O uso da propaganda e do terror pelas facções criminosas no Rio de Janeiro é uma estratégia complexa e eficaz, que mistura táticas psicológicas, comunicação digital e violência extrema para consolidar o poder dessas organizações. É importante entender a confluência entre Propaganda e Terror. Essas duas estratégias não são isoladas, mas sim complementares: 1 - O terror gera medo, a propaganda justifica o medo. 2- A propaganda humaniza o criminoso, o terror desumaniza o inimigo. Por exemplo: Quando uma facção mata um rival e divulga o vídeo, está ao mesmo tempo aterrorizando oponentes e reforçando sua imagem de invencibilidade entre aliados. Normalização da Violência: Moradores de áreas dominadas muitas vezes veem as facções como "autoridade real", enfraquecendo a confiança no Estado. Ciclo de Retaliação: A propaganda e o terror alimentam guerras entre facções, aumentando a letalidade. Desafio à Democracia: A capacidade desses grupos de manipular informações e usar violência estratégica os torna atores políticos não oficiais, porém extremamente influentes. Conclusão: As facções criminosas do Rio de Janeiro operam como organizações híbridas—parte grupo armado, parte entidade midiática. Seu uso combinado de propaganda e terror não apenas fortalece seu controle territorial, mas também mina a autoridade do Estado e corrói o tecido social.